Intel descarta desabastecimento de processadores para atender mercado nacional
A Intel descartou desabastecimento de processadores no mercado brasileiro para atender a demanda da indústria local de PCs e servidores. A diretora geral da fabricante no país, Gisselle Ruiz, deixou claro que a falta de componentes global da Intel – constatada ao longo de 2019 – já foi superada com abertura de novas plantas e com a reorganização do processo fabril. Disse ainda que as fábricas da Intel na China não foram paralisadas por conta do Coronavírus.
“Nós passamos por duas fases: a primeira, para recompor a nossa produção, realmente afetada ao longo de 2019, mas já corrigida com os investimentos feitos nas fábricas e no aumento da produção. Com relação ao Coronavírus, por não termos nossas fábricas nas cidades mais atingidas pela epidemia, não tivemos paralisação de produção na China. Mas é fato que faltam outros componentes como memória e a produção local de PCs e servidores está afetada. A indústria conta que haverá uma redução de até 20% na produção de 2020, o que será um impacto real”, afirmou Gisselle Ruiz, em encontro com a imprensa, realizado nesta quarta-feira, 04/03, em São Paulo.
Foi a primeira aparição de Gisselle Ruiz para a imprensa desde a sua nomeação para o cargo de direção geral da Intel no Brasil, em novembro do ano passado. A executiva tem forte conhecimento sobre a América Latina, atuou na Argentina, no México e está no Brasil desde 2004, e indagada sobre a perspectiva para 2020, assegurou que, até o momento, mesmo com Coronavírus e PIB nacional abaixo da expectativa não houve alteração no cronograma.
“Estamos mantendo a previsão de crescimento no Brasil em 2020, mesmo cientes que o dólar tem um impacto forte em Tecnologia, uma vez que a maior parte dos componentes é importado. Mas há processos que são irreversíveis. As empresas precisam atualizar seus parques de TI, a defasagem existe. Muitos equipamentos usam sistemas operacionais antigos e estão com processamento incapaz de suportar novas tecnologias como IA. A América Latina é resiliente. Não é a primeira nem será a última crise que vamos enfrentar”, pontuou Gisselle Ruiz.
Internet das Coisas e Inteligência Artificial, inclusive, têm simbiose na estratégia da Intel, mas a diretora geral da Intel não quis falar muito de planos. Indagada se há chance de a Intel produzir localmente para IoT no País, Gisselle Ruiz adotou um tom cauteloso. “Temos atuado muito forte na área de desenvolvimento de software e com parceiros em hardware. Não há IoT e IA sem um ecossistema forte”, observou.
A Intel, neste momento, aliás, avalia como vai aderir ao Plano Nacional de Internet das Coisas e a participação dela nos laboratórios de pesquisa de institutos de ciência e tecnologia (ICTs). “O Governo já definiu que terá quatro laboratórios e estamos vendo se vamos entrar com investimentos financeiros ou com profissionais, treinamento e capacitação. Essa é uma estratégia de longo prazo”, adiantou, sem dar maiores detalhes.
O 5G gera uma grande expectativa para a Intel no mundo e no Brasil, admitiu ainda Gisselle Ruiz, sem também detalhar o projeto, mas adianta que o projeto abarca não apenas a venda de chips, mas, principalmente, a oferta de novos serviços pelas operadoras. “O 5G é um catalisador de novas experiências e queremos estar na maior parte delas no mundo e no Brasil”, completou.