Na Índia, empresas de serviços de TI montam salas de guerra contra explosão da Covid-19
As empresas de Tecnologia da Informação da Índia montaram “salas de guerra” para enfrentar a explosão de novos casos de COVID-19 e para manter operações de bastidores para as maiores empresas financeiras do mundo, como Goldman Sachs, e outras, que terceirizam suas atividades para funcionários localizados na Índia.
De acordo com o Ministério de Saúde local, nesta quarta-feira (28), mais 360 mil casos da doença foram confirmados e 3.293 óbitos foram registrados. Ao todo, a Índia contabiliza 17,9 milhões de infectados e, nas últimas 24 horas, ultrapassou o total de 200 mil vidas perdidas. Estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, aponta que o número de mortos pode ser superior ao notificado oficialmente, variando entre 400 mil a 1 milhão no pior cenário.
Funcionários de grandes provedores de serviços de tecnologia da Accenture, Infosys e Wipro, ouvidos pela Agência Reuters, revelam que as equipes estão trabalhando de 13 a 14 horas por dia, sob pressão crescente e lutando para entregar os projetos, uma vez que há muitos colegas contaminados e é preciso também cuidar de amigos e parentes. Eles minimizam, porém, qualquer ameaça de colapso nas operações.
“A pressão do trabalho aumento muito com a nova onda. Funcionários contraíram a Covid-19 e há o prazo para a entrega dos trabalhos contratados”, disse um funcionário da Accenture à Reuters, pedindo para não ser identificado. Oficialmente, as empresas também descartam qualquer possibilidade de interrupção de operações. Mas a Wipro, por exemplo, transferiu alguns projetos para escritórios fora da Índia.
A Infosys informou estar operando remotamente em todos os escritórios e não viu nenhum impacto nos projetos dos clientes, apesar da deterioração da situação de saúde no país nas últimas semanas. A Tata Consultancy Services (TCS.NS), a principal empresa de serviços de tecnologia da informação (TI) da Índia, também disse que suas operações não foram afetadas, e que mantém os funcionários em casa.
O setor de TI e serviços de call center da Índia emprega mais de 4,5 milhões de pessoas diretamente e conta com muitos graduados com menos de 30 anos, os que mais estão sofrendo com a nova onda de contaminação da Covid-19. Eles recebem uma fração dos salários ocidentais e, em grande parte, superaram a pandemia de COVID-19 trabalhando em casa.
Mas com o relaxamento das medidas de contenção da doença nos últimos meses, muitos foram convocados a voltar trabalhar presencialmente a partir de março, como aconteceu no Goldman Sachs, que já suspendeu a medida e mantém todos os funcionários trabalhando em home office. Outro grande banco, o Wells Fargo, disse que seus funcionários na Índia continuariam a trabalhar remotamente até pelo menos o início de setembro.
*Fonte: Agência Reuters