Opinião

Provedores de internet e a Transformação Digital

Pode parecer um paradoxo. A internet revolucionou e fez modelos de negócios tradicionais sucumbirem com a adoção de novas tecnologias, mudando drasticamente a forma que as pessoas consomem produtos, serviços e conteúdos. É o que fez o Netflix com a indústria cinematográfica, com profundos impactos na TV aberta e tradicional. O Uber mudando a forma com que as pessoas se locomovem pelas cidades e travando verdadeiras guerras com táxis, administrações municipais e outros meios de transportes. E fintechs, que passaram a disputar clientes com bancos, seguradoras e corretoras, com serviços diferenciados e personalizados.

E toda esta revolução digital, que cada vez mais impacta os negócios, só é possível por conta da universalização do próprio acesso à internet. Seja pelas grandes operadoras de banda larga fixa e móvel ou pelos provedores regionais, que no Brasil são os verdadeiros responsáveis por conectar grande parte da população nos mais longínquos cantos do país, inclusive em regiões que nem as grandes acabam atuando por desinteresse comercial.

Como estes provedores regionais de internet estão pensando seus modelos de negócios e se adaptando a estes tempos de intensas transformações causadas pelo digital? Estas mudanças não passam somente pela atualização tecnológica das atuais infraestruturas instaladas, sobretudo ampliando a capacidade de conectividade e de banda, para justamente se adaptar aos novos perfis de consumidores.

Há quem diga que a internet já é considerada a “nova energia elétrica”, ou seja, uma necessidade básica do ser humano e acredita-se que a próxima metade da população será conectada mais rapidamente do que a primeira. Todas estas transformações devem passar, especialmente, pela forma de tratar o consumidor, seja pela personalização dos serviços que respeitem o perfil de cada cliente, seja pela melhoria da experiência do usuário e da forma com que ele se comunica com o seu provedor nos mais diferentes tipos de canais.

Os gestores de provedores precisam cada vez mais estarem orientados ao universo de dados, que estão muitas vezes disponíveis, mas não são processados para apoiar a tomada de decisão. Estes dados, uma vez tratados, permitem, por exemplo, que a área de vendas do provedor possa definir novas formas de abordagem comercial para potenciais clientes de uma determinada região carente de serviços diferenciados. Ou ainda, com o uso da automação de serviços e de tecnologias preditivas, possa antecipar a resolução de ocorrências como serviços instáveis causados por intempéries ou terceiros.


A atual crise instaurada no país ainda dá sinais que permanecerá por alguns meses, mas a inevitável retomada econômica exigirá ainda mais investimentos para atender a demanda por novos serviços e mais conectividade. Por isso acreditamos que este é o exato momento para os provedores se reinventarem, repensarem processos de todas as áreas de negócios, modernizarem sua gestão com ferramentas de análise de negócio, preditivas e orientadas a dados. Tudo isso para que não sejam vítimas da própria transformação digital que a internet viabilizou.

* Silvia Folster é formada em Administração e tem MBA em Gestão Estratégica de Negócios. Com 25 anos de atuação em empresas de TI, foi diretora Comercial da Cianet e, desde 2016, é CEO da empresa, que é especializada no desenvolvimento e fornecimento de soluções para provedores regionais de internet.

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