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Pai da internet no Brasil reforça valor da neutralidade nos 35 anos do ‘.br’

Para Demi Getschko, regulação de plataformas não deve ser confundida com a parte técnica. “Temos que preservar protocolos e tráfego. Se uma plataforma de veganos não aceita carnívoros, isso não tem nada a ver com a neutralidade da internet.”

Uma cerimônia na Câmara dos Deputados, além de uma exposição comemorativa, marcou nesta quarta, 10/4, os 35 anos da criação do domínio ‘.br’, o código de endereçamento mais popular do país, com mais de 5,3 milhões de registros, ou 80% dos domínios utilizados no Brasil.  

“O .br significa um sobrenome Brasil, algo importante para os brasileiros. E o .br se manteve bastante estável durante esse tempo todo, no sentido de preservar os conceitos originais da rede. Somos bastante estáveis tecnicamente. Superamos a pandemia sem problemas. E o .br, em geral, não hospeda atividades maliciosas. Você pode ser atacado por alguém na internet, porque tem milhões de domínios que funcionam igualmente. Mas os domínios .br, em geral, são muito bem comportados. O Gov.br, por exemplo, é um sucesso, com 4 mil acessos por segundo. Então, eu diria que no conjunto da obra, esses 35 anos mostram uma linha contínua de evolução, sem falhas, sem escorregões. E isso se reflete no fato de que os brasileiros gostam disso”, destacou o presidente do NIC.br, o braço operacional do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Demi Gesthko. 

Considerado o ‘pai’ da internet no Brasil, responsável pela primeira conexão brasileira, Getschko reforçou a importância de que conceitos da rede livre e aberta sejam preservados, ainda que sucessivas ondas de regulação costumem trazer consigo ambições de determinados atores do ecossistema digital. E nenhum desses conceitos é mais atacado do que a neutralidade de rede. 

“A tecnologia muda, mas os conceitos em geral são preserváveis e preservados. O decálogo do CGI.br continua perfeitamente válido. O conceito de neutralidade é perfeitamente válido. O que acontece, às vezes, é que a semântica não é entendida. Internet não se refere às plataformas que são construídas sobre ela, que podem ser boas ou ruins. Estamos falando da estrutura que segura isso. Quando se fala em neutralidade, é neutralidade da internet. Não estou preocupado se uma plataforma que é de veganos não aceita carnívoros. Isso não tem nada a ver com a neutralidade da internet. Estou preocupado que os pacotes que eu trafego na rede possam ir a qualquer lugar”, afirmou Demi Getschko. 

Plataformas, afinal, vêm e vão. E até por isso o pai da internet brasileira tenha destacado que o .br deva ser visto como uma forma mais perene de identificação na rede do que esse ou aquele perfil. 


“Quando você pensa na sua identidade na rede, é importante que você não se amarre a uma plataforma específica. Você pode mudar de plataforma, pode brigar com ela. Pode trocar de provedor, mas não pode trocar de identidade. Então, se você tiver um .br, aponte ele pra onde estiver. Hoje está numa plataforma, aponta pra lá. Depois muda, aponta pra outro lugar. Mas não perde a sua referência e o controle”, completa.

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