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Justiça orienta Procons a pressionar teles e redes sociais contra Bets

Documento da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) reconhece que bloqueio de sites pela Anatel enfrenta dificuldades

Em resposta ao crescimento explosivo das bets, sites de apostas esportivas, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e o Procon-RJ publicaram uma nota técnica conjunta que estabelece diretrizes para proteger os consumidores contra práticas abusivas no setor. O documento destaca os desafios da fiscalização de operadoras irregulares e a responsabilidade de veículos de mídia e influenciadores digitais na promoção desses serviços.

A Senacon recomenda que os Procons estaduais notifiquem operadoras, redes sociais e influenciadores para adequação imediata às normas consumeristas. O descumprimento pode resultar em multas e ações judiciais. Paralelamente, o Ministério da Fazenda estuda a criação do Sistema Nacional de Apostas (Sinago) para unificar a regulação do setor.

“As plataformas digitais e veículos de mídia que atuam divulgando campanhas publicitárias também têm responsabilidades específicas. Após notificação do Ministério da Fazenda, devem remover conteúdos irregulares, bloquear sites de apostas não autorizadas e eliminar aplicativos ou aplicações de terceiros que violem as normas vigentes”, aponta a nota técnica.

A nota técnica estressa que, apesar dos esforços do Ministério da Fazenda e da Anatel para bloquear sites não autorizados, a natureza transnacional dessas plataformas dificulta a ação efetiva das autoridades. Regularmente, a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) encaminha listas de domínios irregulares para bloqueio, mas muitos operadores continuam acessíveis por meio de jurisdições estrangeiras.

O texto alerta para a publicidade agressiva que associa apostas a “ganhos fáceis” e “enriquecimento rápido”, omitindo os riscos de perdas financeiras e dependência. Plataformas digitais e veículos de mídia são corresponsáveis por remover conteúdos irregulares após notificação, sob pena de sanções. Influenciadores digitais também estão no radar: caso promovam Bets sem esclarecer os riscos, podem ser responsabilizados por publicidade enganosa, conforme decisões recentes do Judiciário.


A nota técnica enfatiza os riscos para jovens, pessoas em situação de vulnerabilidade financeira e beneficiários de programas sociais. Dados do Banco Central mostram que, em 2024, 17% dos beneficiários do Bolsa Família realizaram apostas, com movimentação de R$ 3 bilhões via PIX. O documento critica ainda a veiculação de propagandas em estádios e transmissões esportivas, que expõem crianças e adolescentes a estímulos inadequados.

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