Internet

X usa proxy reverso e dribla bloqueio no Brasil

Microblog adotou intermediação de tráfego para fugir da ordem judicial

Quase três semanas depois de ser bloqueado no Brasil por ordem do Supremo Tribunal Federal, o aplicativo X, ex-Twitter, voltou a funcionar, ainda que precariamente, para internautas no país, depois que a empresa atualizou o app e adotou um sistema de intermediação de endereços na internet.

“O aplicativo do twitter foi atualizado durante a noite e a versão nova não usa mais a rede dos IPs que usava antes. Eles passaram a se valer de um proxy reverso, através de serviços como Cloudflare e outras redes”, explica Basilio Perez, do conselho da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações, Abrint.

Proxy reverso é uma espécie de filtro de tráfego, comumente adotado como medida de segurança para evitar ataques de negação de serviço, por exemplo. É, na prática, um outro servidor que usa um serviço de resolução de endereços (DNS) distinto e, consequentemente, outros IPs.

E é justamente porque se tratam de outros endereços IP que o bloqueio não funciona em grande parte das redes no Brasil. Afinal, já para bloquear o X foram primeiro tentadas medidas sobre o DNS do app, mas como ainda havia acessos, o jeito foi bloquear os cerca de 42 mil IPs do microblog.

A artimanha do X coloca as autoridades brasileiras em dificuldades. Desde cedo, a Anatel está buscando uma saída técnica para manter a determinação do STF, que continua valendo. Por enquanto, a agência informa tão somente que “está verificando os casos informados”. Uma encrenca é que a ordem do ministro Alexandre de Moraes para que sejam adotados “obstáculos tecnológicos capazes de inviabilizar a utilização do aplicativo X” é muito genérica para dar conta da complicação técnica.


“Os provedores estão esperando alguma orientação oficial. Porque não dá mais para bloquear IP. Só a Cloudflare tem 24 milhões de domínios diferentes. E o mais complicado é que esse tipo de serviço usa os mesmos IPs para acesso a coisas distintas”, ressalta o conselheiro da Abrint.

“Se cada um tentar bloquear sozinho, o risco é imenso de atingir um serviço não apenas legítimo como necessário. Pode afetar desde o acesso a um banco ou a câmeras de segurança. Alguém precisa nos dizer o que fazer”, completa.

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